19 setembro 2012

Da queda.

Das feridas que nunca saram, brota a resistência de uma rebelde alma calada. Aos poucos guerreira, nunca mais rebelde, que, amadurecida, luta com as paredes que a aprisionam em um infindo calabouço obscuro e hermético. Não se sabe a causa da proteção; de fato, queria-se proteger, seja o mundo da alma ou a alma do mundo. Pobre alma cega que nunca viu o que há lá fora. Enquanto protesta contra sua ignorância, mais cega fica pelo odio que convive. Se houvesse uma janela, talvez soubesse que por mais fortes fossem seus pés descalços fincados ao chão ou seus gritos ecoando horizontes, suas ideias não passavam de uma inexistente paranoia ao mundo, um defeito. Seu destino é viver com o ódio, sua dor. Provável que um dia consiga sair, espreitando-se entre cílios que entreabrem-se no sono. E do lado de fora encontre o conforto no confronto. Que sua dor seja enfim vingada. E por mais sangue que em suas mãos regem, ou por mais perdões que seus olhos sintam, ninguém nunca vai saber o que tudo significa, porque ninguém está de fato compreensivo à sua dor. Portanto corra, arraste-se, liberte-se. Grite a cada golpe nas costas como olhares de passagens. Soque na cara os risos que gastavam sua vida. Pise naquilo que a impeça de viver em paz; e não olhe para trás, porque os olhos que te julgam pelas suas costas nunca conseguirão enxergar nela a dor e o pesar do seu passado.

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